18 de fev. de 2018 por Victor Manresa

Reggie Lewis: quase 25 anos sem o eterno camisa 35


No próximo dia 27 de Julho, se completarão 25 anos de que um dos grandes jogadores da história do Celtics e um dos maiores "What if..." (E se...) da história da NBA, morreu devido um infarto durante a Off-season de 1993.

Reggie Lewis poderia ser um fenômeno. Um dos maiores da história. O substituto de Larry Bird. Até hoje, ele é apenas o segundo jogador do Celtics à ter sua camisa aposentada mesmo sem ganhar um título. E nós, vamos repassar um pouco da sua história aqui.


Reggie nasceu em Maryland (Baltimore) no dia 21 de Novembro de 1965 e desde cedo tinha tudo para ser uma estrela do basquete. Durante o ensino médio, Lewis jogou na Dunbar High School e era o sexto-homem do time que tinha outros nomes que mais tarde também jogariam na NBA, como Muggsy Bogues, David Wigate e Reggie Williams. Aquele time de Dunbar era praticamente imparável, sendo uma das melhores equipes da história do basquete colegial. Na temporada 81-82, eles terminaram a temporada com uma campanha de 29-0 e 31-0 no ano seguinte, sendo o principal time do país. 


Naquele time, Lewis era o reserva imediato de Reggie Williams, grande estrela da equipe, por isso não chegou a chamar atenção das grandes universidades do país e portanto, foi a principal aquisição do técnico Jim Calhoum. Jim era treinador da Universidade de Northeastern, localizada em Boston. E assim começa a formação de um novo ídolo para a cidade de Boston.


Pelos Huskies, Reggie Lewis jogou durante 4 anos e anotou 2.708 pontos, marca que é até hoje o recorde da Universidade. Durante os 4 anos, Lewis e os Huskies venceram a divisão ECAC North e garantiram vaga no March Madness. Na temporada 83-84, eles bateram na trave do Sweet 16 perdendo para a Universidade de Virginia com um Game-Winner. Como homenagem por sua excepcional passagem, a Universidade de Northeastern aposentou sua camisa 35. Curiosamente, os Huskies jogam na Matthews Arena, ginásio esse que foi a primeira casa do Boston Celtics lá em 1946.


Coincidência ou não, parecia que Lewis havia nascido para ser ídolo da cidade.

Mais tarde, no dia 22 de Junho de 1987, poucos dias após a morte de Len Bias completar um ano, o Boston Celtics seleciona na 22º escolha do NBA Draft, Reggie Lewis, ala da Universidade de Northeastern.

Para Lewis, seria uma mudança de pouco mais de 5 quilômetros, o que corresponde a distância entre a Matthews Arena e o antigo Boston Garden. Para o Celtics, era adicionar talento futuro para a geração de ouro da franquia que estava ficando mais velha e com problemas físicos a cada ano que passava, além de trazer para os torcedores uma personagem já conhecido pelo público de Massachusetts.


Naquela época, o Celtics não era o time ideal para um novato desfrutar de bons minutos, ainda mais quando você joga na mesma posição de Larry Bird. O time de Bird, Kevin McHale e Robert Parish havia acabado de perder as finais de 87 após ter vencido o título no ano anterior. 


Portanto, em seu ano de calouro, Reggie teve pouquissimas oportunidades na rotação do técnico e lenda K.C Jones. Foram 8,3 minutos e 4,5 pontos de média em 49 partidas. Mas, em sua segunda temporada a história prometia ser diferente para aquele tímido novato.




Logo no início da temporada 88-89, com apenas 6 partidas Larry Bird sofre uma grave lesão no calcanhar e fica fora da temporada. Para abrir ainda mais espaço para o jovem Lewis, o Celtics troca o ala-armador Danny Ainge para o Sacramento Kings. Somados todos esses fatores, Reggie Lewis tem a oportunidade e não decepciona mesmo com a responsabilidade de carregar o Maior da NBA. Sendo titular em 57 partidas daquela temporada, Lewis explode e começa a chamar a atenção da NBA, angariando médias de 18.5 pontos e 4.7 rebotes, 14 pontos à mais que o ano anterior. 


Já nos Playoffs daquele ano, Lewis não podia fazer muita coisa sozinho para evitar a varrida sofrida para os Bad Boys do Detroit Pistons ainda no primeiro round. Mesmo assim, Lewis liderou o time com 20 pontos e 7 rebotes de média.


Já com a volta de Bird em 89-90, aquele ano seria o da afirmação de Lewis no time titular. Naquele ano, ele já começava a ser trabalhado para assumir o posto de líder da franquia com a eminente retirada do trio Bird-McHale-Parish. Iniciando 54 das 79 partidas que disputou naquele ano, Reggie "Truck" Lewis teve médias de 17 pontos e ajudou o Celtics a chegar mais uma vez aos Offs, porém não evitou mais uma queda no primeiro round.

Chegada a temporada 90-91, Truck Lewis iniciou todas as 82 partidas como titular. Mesmo como o time ainda sendo liderado por Larry Bird, Lewis teve 18.7 pontos, 5.2 rebotes e 1.3 roubadas de bola por jogo. Ele não se destacava apenas por pontuar com uma facilidade monstruosa mas, também por ser uma pedra no sapato defendendo as estrelas adversárias. E foi assim no dia 31 de Março de 1991, quando Lewis deu 4 tocos em Michael Jordan. Nos Playoffs, o time conseguiu avançar as semifinais de conferência, sendo liderado por Lewis (22.4 pontos de média), onde acabou derrotado pelo mesmo Pistons.


Mas o momento de se consagrar de vez como estrela da liga estava por vir. E não demorou. Na temporada seguinte (91-92), a última de Larry Bird, ele jogou todos os 82 jogos como titular, registrando médias de 20.8 pontos e sendo um All-Star pela primeira vez. Bird àquela altura já demonstrava que iria se aposentar, disputou apenas 46 partidas. Nos Playoffs, Bird já não aguentava mais. Jogou apenas os 4 primeiros jogos e, assim, coube a Lewis colocar o Celtics do treinador Chris Ford nos ombros mais uma vez. O ala fechou aquela pós-temporada com 28 pontos de média e liderou o Celtics até as semifinais de Conferência, onde perdemos para o Cleveland Cavaliers em 7 jogos.


A temporada seguinte seria a de afirmação para Reggie Lewis como grande líder do Celtics pós-Bird. Ele foi nomeado como capitão do Celtics naquela temporada e, mais uma vez, teve uma temporada espetacular sendo mais uma vez cestinha da equipe com 20.8 pontos.


Porém, chegamos ao 6º Playoffs seguido na carreira de Reggie Lewis. E nele, começa o fim desta história. No primeiro jogo da série contra o Charlotte Hornets válido pela primeira rodada, com apenas 13 minutos em quadra e 17 pontos anotados, Lewis sofre um colapso quando chegávamos à metade da partida. Ele conseguiu se levantar, e após alguns minutos recebendo atendimento antes e ir para o vestiário. Lewis não voltou mais e aquela foi sua ultima partida. 




Depois de três semanas realizando baterias de exames, o Dr. Gilbert Mudge deu o laudo de que Lewis tinha cardiomiopatia, uma doença no músculo do coração que pode ser fatal. Mas, segundo Gilbert aquele não era o caso. Com a medicação era possível controlar a doença e seguir sua carreira normalmente. Aquilo, sem dúvidas, era uma grande notícia para o jogador.


Em 27 de Julho de 1993, apenas dois meses após o diagnóstico, Lewis estava treinando na Universidade de Brandeis em Waltham, Boston, durante a Off-season quando sofreu um ataque cardíaco repentino e faleceu aos 27 anos. 


A autopsia diagnosticou que Reggie Lewis tinha uma enorme cicatriz no coração, que tinha como possíveis causas excesso de remédios, álcool e drogas ilícitas. A autopsia também constatou a presença de cocaína no sangue do ala. Sim, a maldita cocaína que nos tirou Len Bias 7 anos antes. Lewis havia dito ao Dr. Mudge que um de seus irmãos nasceu com um buraco no coração e passou por uma cirurgia aos quatro anos de idade. Assim, foi descoberto que a família Lewis possuía um histórico de problemas cardíacos.  


Dois anos depois, em 22 de Março de 1995, durante o intervalo da partida entre Boston Celtics e Chicago Bulls, o Celtics aposentou a camisa 35 de Reggie Lewis, que foi levantada por sua mãe, Inez Reid, e por seus filhos, Reggieana Lewis e Reggie Jr. Lewis ao teto do antigo Boston Garden. Uma história curiosa sobre a camisa 35, foi que durante a Offseaon de 2016, enquanto o Celtics tentavam persuadir Kevin Durant à assinar com a franquia, a mãe de Lewis permitiria que o número fosse "desaposentado" para que Durant pudesse usa-lo. E como vocês sabem, isso não chegou a acontecer.

Apenas Lewis e Ed Macauley tiveram seus números aposentados pela franquia sem conquistar nenhum título.


Pelo Celtics, Reggie Lewis fez 7902 pontos (17.6 de média), 1938 rebotes (4.3 de média), 1153 assistências (2.6 de média) em 450 partidas, sendo 352 como titular. Ele é, até os dias de hoje, 18º maior pontuador da história da franquia. 


#RIPReggie




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2 comentários:

  1. O Ed Macauley não tem título pelo Celtics; Mas tem pelos Hawks. O que torna o Lewis mais simbolo ainda.

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